sábado, 29 de janeiro de 2011

Carta de Transdisciplinaridade



Venho anunciar minha despedida do Blog Incógnita Interdisciplinar. A radicalização epistemológica me levou aos textos e às práticas da transdisciplinariedade. A ideológica me levou a migrar para uma plataforma de código aberto, na qual irei desenvolver alguns blogs, entre eles a continuação deste. Deixo este blog, já com saudades de tudo o que ele me proporcionou e aos colegas que ajudaram a desenvolver ele. Para finalizar, publico a Carta de Transdisciplinaridade, documento histórico que sinaliza os caminhos de um novo fazer científico, pelo qual espero poder caminhar. ESTRELA, Tatyane.

(adotada no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, Convento de Arrábida, Portugal, 2-6 de novembro 1994)

Considerando que a proliferação atual das disciplinas acadêmicas conduz a um crescimento exponencial do saber que torna impossível qualquer olhar global do ser humano;

Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da dimensão planetária dosconflitos atuais poderá fazer frente à complexidade de nosso mundo e ao desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual de nossa espécie;

Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante queobedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia;

Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujasconseqüências sobre o plano individual e social são incalculáveis;

Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na história, aumenta adesigualdade entre seus detentores e os que são desprovidos dele, engendrando assimdesigualdades crescentes no seio dos povos e entre as nações do planeta;

Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados possuem sua contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode conduzir a uma mutaçãocomparável à evolução dos humanóides à espécie humana;

Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Convento de Arrábida, Portugal 2 - 7 de novembro de 1994) adotaram o presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios fundamentais da comunidade deespíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo signatário deste Protocolo faz consigo mesmo, sem qualquer pressão jurídica e institucional.

Artigo 1:
Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nasestruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar.

Artigo 2:
O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regidos por lógicas diferentesé inerente à atitude transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nívelregido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade.

Artigo 3:
A transdisciplinaridade é complementar à aproximação disciplinar: faz emergir da confrontação das disciplinas dados novos que as articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa.

Artigo 4:
O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa dasacepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta por um novoolhar, sobre a relatividade definição e das noções de ““definição”e "objetividade”. O formalismo excessivo, a rigidez das definições e o absolutismo da objetividade comportando a exclusão do sujeito levam ao empobrecimento”.

Artigo 5:
A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domíniodas ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanasmas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual.

Artigo 6:
Com a relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade émultidimensional. Levando em conta as concepções do tempo e da história, atransdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte trans-histórico.

Artigo 7:
A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia, uma nova metafísica ou uma ciência das ciências.

Artigo 8:
A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e planetária. O surgimento do serhumano sobre a Terra é uma das etapas da história do Universo. O reconhecimento da Terracomo pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de um pertencer duplo - a uma nação e à Terra - constitui uma das metas da pesquisa transdisciplinar.

Artigo 9:
A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões eàqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar.

Artigo 10:
Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras culturas. Omovimento transdisciplinar é em si transcultural.

Artigo 11:
Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no conhecimento. Deve ensinar acontextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da imaginação, da sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos.

Artigo 12:
A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundada sobre o postulado de que a economiadeve estar a serviço do ser humano e não o inverso.

Artigo 13:
A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o diálogo e a discussão, seja qual for suaorigem - de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política ou filosófica. O sabercompartilhado deverá conduzir a uma compreensão compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida comum sobre uma única e mesma Terra.

Artigo 14:
Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais da atitude e da visãotransdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em conta todos os dados, é a barreira àspossíveis distorções. A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e doimprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às idéias e verdades contrárias àsnossas.

Artigo final:
A presente Carta Transdisciplinar foi adotada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que visam apenas à autoridade de seu trabalho e de sua atividade. Segundo os processos a serem definidos de acordo com os espíritos transdisciplinares de todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à assinatura de todo ser humano interessado emmedidas progressistas de ordem nacional, internacional para aplicação de seus artigos na vida.

Convento de Arrábida, 6 de novembro de 1994 Comitê de Redação Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu.

SOMMERMAN, Américo; MELLO, M.F. de; BARROS, Vitória M. de. Educação e transdisciplinaridade II. Encontro Catalisador do Projeto “A Evolução Transdisciplinar na Educação” (2. : 2000 : Guarujá, SP). Coordenação executiva do CETRANS da USP. São Paulo: TRIOM, 2002. 211p.

Links de apoio à pesquisa

Depois da incógnita interdisciplinar, o que dizer do que se vive, do que se sente, do que se pensa, do que se faz, como definir o que é mutante, complexo, emergente?

Apenas Pós

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Oração à Nossa Senhora

Estamos em Clima de Natal. É hora de confraternizarmos, limparmos nossos corações e purificarmos nossas almas moribundas. Por isso deixo essa prece para a noite de ano novo. Para começarmos 2011 com as bençãos de nossa senhora.

Em homenagem a nossa futura Presidente, grande devota de Nossa Senhora da Pós-modernidade, posto a foto do dia em que ela participou da procissão rumo a Igreja de São Darwin.





















Ave Maria cheia de bolsas,
o orientador é convosco
bendita és tu para o fomento da pesquia,
e bendito é o valor de vosso financiamento, mínimo

Nossa Senhora da Pós-modernidade
Rogai por nós iniciantes na pesquisa científica
Agora e na hora de nossa banca
Amém

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Interdisciplinariedade e Políticas Públicas


Pode-se dizer que a base do Campo das Políticas Públicas é interdisciplinar? As diversas áreas se cruzam e se misturam e acabam dando nova forma as Políticas Públicas. Este trabalho buscou dar visibilidade a uma Política Pública que se insere na Área da Cultura. A Casa da Palavra - Escola Livre de Literatura foi escolhida devido as suas peculiaridades, de ser uma Política Pública que agrega em torno da linguagem, as diversas formas de produção e difusão cultural.

A Casa da Palavra é um espaço público da Prefeitura Municipal de Santo André dedicado a uma programação de cunho cultural. Foi criada em 1992, quando foi reformado o casarão original da década de 20, e passou a ser usado como equipamento da secretaria de cultura. O seu trabalho de difusão e de formação cultural é voltado ao atendimento dos apreciadores e produtores da literatura, pesquisadores, pensadores, estudantes, artistas, poetas, etc.

Sediada na Casa da Palavra, a ELL - Escola Livre de Literatura - tem como principal objetivo promover as ciências humanas, a pesquisa e a produção literária em seus diversos modos, desde a expressão oral e suas
manifestações correntes, até o confronto e problematização de referências filosóficas e estéticas contemporâneas. Nesta escola, o processo de formação e informação é continuado, experimental e aberto, estabelecendo os procedimentos e condições, na direção do amplo diálogo com a cidade e com outros municípios, sob um olhar inclusivo, dialético e colaborativo.

Fonte: Prefeitura de Santo André
Link:http://www2.santoandre.sp.gov.br/page/110/34

Agradecemos a todas as pessoas que tornaram este trabalho possível. O mesmo tem uma proposta introdutória de dar ao público uma breve apresentação da Casa da Palavra e dar subsídios para estudos mais aprofundados.

Abaixo estão os 7 vídeos que mostram a Política Pública na visão do Coordenador e dos usuários e a avaliação feita pelo grupo de estudantes.













sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Formação de Grupo de Pesquisa - Cultura Digital



REUNIÃO PARA A FORMAÇÃO DO GRUPO DE PESQUISA DE CULTURA DIGITAL E REDES DE COMPARTILHAMENTO DA UFABC

O grupo de pesquisa é interdisciplinar e está aberto a todos os interessados, professores e alunos. Os temas que o grupo pretende estudar, pesquisar e realizar projetos são: cibercultura, sociedade em rede, sociedade de controle, implicações socioculturais das tecnologias da informação, redes sociais e blogosfera, política na Internet, hackers e ativistas, softwares livres e compartilhamento do conhecimento, convergência de linguagens, hibridismos, pós-humano, éticas e estéticas tecnológicas, entre outros.

Data: 08/12 - às 17:00 h
Local: Sala 06 - Bloco Sigma
Docentes responsáveis: Sergio Amadeu, Andrea Paula Santos e Cláudio Penteado

domingo, 24 de outubro de 2010

Biotecnologia e Arte

O que tem a ver a Biotecnologia com Arte? Nos estudos de DNA, já é possível perceber o processo digital existente na processo de replicação do DNA. Deste fato podem surgir muitas discussões filosóficas, mas por ora fiquemos com este ótimo vídeo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Estilo de vida e o que a UFABC tem a ver com isso?



Uma discussão relevante que surge neste momento é a reflexão sobre o Estilo de vida da UFABC. Gostaria de ampliá-la, pois vejo a UFABC como uma instituição que reflete valores da sociedade e do tempo em que está inserida.

Estilo de vida da UFABC? ou o Estilo de vida de nossa sociedade globalizada pós-moderna? Apenas estudar, trabalhar e estudar ou apenas trabalhar são modos de vida que as pessoas dos mais diferentes tipos irão ter e lidarão de formas diferentes.

Trabalhar ou Estudar pode ser tanto prazeroso como desgastante ou mesmo os dois ao mesmo tempo, dependendo do nível de afinidade que se têm com o meio em que se está, com as pessoas com quem se interage e com os valores pessoais de um indivíduo.

As pessoas são iguais, mais o que as torna iguais é serem diferentes. Cada um com suas limitações, formações sociais, políticas, religiosas e acadêmicas, visões de mundo, histórico de experiências, sucessos e frustrações, objetivos e ambições que fazem parte de personalidades únicas.

O discurso da meritocracia: "eu consigo, por que você não consegue", apenas contribui para reforçar a generalização das pessoas. Cada um tem um ritmo, a posição da UFABC na vida das pessoas é diferente, cada um estuda de acordo com seus objetivos subjetivos, que não cabe a análise nestas poucas linhas, devido a sua complexidade.

A leitura da análise do artigo BC&H Um Projeto de formação universitária para o século XXI pode ajudar a compreender qual é o aluno que a UFABC quer formar e a influência que isso pode ter em nossas vidas.

Link: Artigo

Tem sido disseminada a ideia de liberdade acadêmica em nosso meio. Gostaria de lembrar que nossa liberdade, têm limitações que nem sempre são claras para todos os alunos. Não é possível cursar quantos créditos o aluno quiser sem as devidas implicações.

A manutenção de um CR de no mínimo 2, uma quantidade mínima de créditos cursados com aprovação e a presença de disciplinas obrigatórias e de opção limitada servem para dar organicidade ao funcionamento da instituição. Em comparação à outras instituições há avanços consideráveis, por permitir que cada aluno formado na UFABC tenha uma formação única e autônoma.

Críticas aos projetos de cursos interdisciplinares apontam para uma competição que poderia surgir entre os alunos. Embora não considere competição algo ruim, prefiro o conceito de coopetição - cooperar com concorrentes em busca de um objetivo comum. Tenho observado, nas conversas de corredor, na convivência diária e nos relatos de alguns alunos discussões que demonstram que para a escolha dos cursos pós-BC&H e pós-BC&T, de disciplinas e para a solicitação de bolsas há um nível de competição. Desta forma creio que ou alunos sofrem em maior ou menor grau pressões em busca de um desempenho satisfatório.

O ingresso pelo Enem e as cotas ajudam a temperar o cardápio da UFABC. A velha questão sobre se o vestibular é capaz de avaliar o grau de conhecimento dos alunos e prepará-los para a Universidade divide opiniões. Cotas raciais e para alunos de escolas públicas levantam a discussão sobre a qualidade dos cursos e a capacidade de um aluno com uma base deficiente se adaptar a uma instituição de alto nível. Isso não deve ser colocado de lado, pois para um aluno que teve uma boa formação escolar pode haver maior facilidade para acompanhar as disciplinas, já um aluno proveniente de escola pública irá que estudar a nova disciplina e retomar, quando não iniciar a revisão dos conteúdos defasados. Sim, há um abismo entre nós e desconsiderá-lo, fingir que ele não existe, seria uma prática irresponsável e parcial. A colaboração entre alunos, os grupos de estudos, monitorias e o estudo individual são importantíssimos para lidarmos com essa defasagem que parece que está sendo colocada para debaixo do tapete. Da exclusão à excelência há um árduo e penoso caminho a ser trilhado.

O Fator Trabalho/Estudo é outra problemática a que somos expostos, a falta de empatia que alguns professores demonstram em suas exigências com prazos curtos a serem cumpridos, mostra claramente o perfil da UFABC. Universidade de Pesquisa, para alunos com dedicação em tempo integral. Só por analisar o T-P-I já se percebe que em geral, um aluno que têm 20 horas aula deverá ter mais 20 de estudo individual e isso muitos professores levam a sério.

Outro fator de pressão, é a autonomia dos alunos. Com base na ideia de que se deve formar alunos autônomos, há uma carga de horas de estudo extra-classe a ser considerada. Só que autonomia não surge de repente, do nada, muitos acostumados a outros ritmos, a serem tutelados na sua aprendizagem parecem se sentir perdidos diante desta situação.

A interdisciplinariedade, palavra que já está vulgarizada, batida e muitas vezes desacreditada por muitos é um desafio que nos é dado para ser trabalhado. Nossos professores em sua maioria tiveram uma sólida formação por instituições tradicionais em um modelo de ensino que sofreu muitas críticas por promover a especialização excessiva e a falta de diálogo entres os saberes tão importante para lidarmos com as questões atuais. Ao chegarem na UFABC se deparam com um novo mundo a ser construído e muitas vezes enfrentam dificuldades frente ao "caos" deste novo modelo. Uns irão ficar na retaguarda e usarão toda a sólida experiência e formação para garantirem o status quo, outros timidamente irão aceitar a abertura ao diálogo e uns poucos irão encarar a proposta como um objetivo fundamental a ser alcançado. Responsabilizar os professores pelo sucesso ou não de um projeto é ato comum na área de Educação. Eles são materias, próximos à nossa vida diária e tem um papel importante na formação das políticas da instituição. Mas considero que no projeto da UFABC, os alunos que são os protagonistas dessa história. Além do mais, o docente trabalha com as condições que lhe são dadas, o que remete ao questionamento de como a UFABC está estruturada para dar meios para a implementação do projeto pedagógico.

Interdisciplinariedade é mais que um conceito teórico abstrato, é uma prática diária, é assumir riscos de inovar, abrir mão de algumas certezas e permitir construir algo novo inédito, que será criticado pelo mainstream acadêmico, que deverá ser revisto, reformulado continuamente, que não conseguirá mais dar as "respostas" que os modelos e teorias de uma prática acadêmica antiga permitia. Um ponto crítico a ser considerado é: como realizar um trabalho interdisciplinar sem perder o foco do estudo e conseguir produzir algo útil para a ciência? Como não se perder em meio a essa prática? Ainda não há experiências sólidas ou exemplos a serem seguidos. Em especial a UFABC está na vanguarda nesta área e os possíveis frutos de nossa experiência servirão como base para a aceitação ou abandono desta nova forma de trabalho. Espero que num futuro próximo instituições tradicionais e novas, possam compartilhar frutos de práticas científicas e pedagógicas e que desse diálogo possa surgir uma constante renovação de nossas Universidades, renovação essa tão necessária para que a Universidade abra suas portas e possa interagir com a sociedade que a circunda.

Para finalizar gostaria de citar uma frase que eu considero o pilar do artigo BC&H Um Projeto de formação universitária para o século XXI: "Preparar indivíduos para viverem numa sociedade do conhecimento, mas sem verdades."

Ficam as questões:

- Até que ponto estamos preparados para essa pedagogia da reflexão?
- Será que conseguimos nos desarmar a ponto de ouvir verdadeiramente críticas e analisá-las sem necessariamente desqualificar nossos colegas, permitindo que surja uma ambiente de coopetição produtiva?
- Será que deixarmos um pouco de lado nossas "verdades" e absorvermos um pouco dos absurdos alheios?
- Há um diálogo com nossos colegas ou uma luta fratrícida entre nós para impormos nossas opiniões?
- Buscamos na literatura científica, nos estudos a compreensão do mundo que nos rodeia ou apenas cumprimos nossas obrigações acadêmicas, como um bom funcionário que cumpre suas tarefas mas é incapaz de inovar, rever ou mesmo assumir novas posições?

Se são perguntas que movem o mundo eu não sei, mas depois delas as coisas não serão como antes.

(Amo a instituição que escolhi para estudar, considero seu projeto compatível com meus objetivos pessoais e espero poder pensar e agir livremente de forma crítica sobre todas as questões que me rodeia e poder contribuir para que "a Universidade de Ponta para o Século XXI" não seja apenas uma frase vazia.)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nota de falecimento


Algo muito triste aconteceu na manhã de hoje. O professor Dr. Sandro Silva e Costa, Vice-Diretor do CCNH faleceu em uma situação trágica. Alunos comentam por meio de postagens na comunidade da UFABC no Orkut que o mesmo se jogou do 11º andar do Bloco B. Uma aluna descreveu o ocorrido: "Ele juntou as cadeiras no 11º pra poder subir na mureta, colocou uma tábua, tirou os óculos e a carteira.Os bombeiros chegaram rápido, tentaram a reanimação, mas dessa altura não deu."

Muitos alunos brincavam com a possibilidade de alguém se jogar no saguão do bloco B e alguns criticavam a estrutura do prédio. Eu particularmente creio que a estrutura do prédio traduz uma visão de local de estudo e trabalho. Salas de professores pequenas e bem separadas, parecendo jaulas; salas de aulas que se perdem em meio a corredores frios e retos e para finalizar a obra, tudo isso dentro de uma caixa preta separada do mundo exterior. Uma estrutura que não dialoga com as várias áreas, algo que contradiz um dos objetivos centrais da UFABC, o diálogo interdisciplinar.

O fato nos leva a reflexão sobre os valores de nossa sociedade atual e da nossa "Universidade de ponta para o século XXI". Fatores como: meritocraria, racionalidade, competição exagerada, individualismo exarcerbado, levam instituições doentes a formar pessoas doentes, para serem profissionais doentes que irão retro-alimentar as patologias desta sociedade, um ciclo vicioso, difícil de ser quebrado. É triste, e as saídas possíveis não são postas, visto que para alguns tudo parece estar funcionando bem. As saídas, quando são colocadas, estão num horizonte distante ou mesmo são consideradas meras utopias.

Feliz ou infelizmente, foram as utopias e as ambições consideradas impossíveis, que levaram ao desenvolvimento econômico, científico e tecnológico ao nível que temos em nossa sociedade. Paradoxalmente o desenvolvimento social, do ser humano e das relações humanas dorme tranquilamente nas mentes dos descontentes e desfavorecidos. Avançamos pouco nessa área, infelizmente. A lógica do quantitativo se impôs e a busca de qualquer qualificação das coisas é logo repreendida com o discurso de prazos, resultados tangíveis, publicação, produtividade e necessidade de se "de(limitar)" a pesquisa entre outras bem conhecidas do metiê acadêmico.

Nós ingressantes e veteranos, alunos, professores e demais servidores da UFABC, podemos ser protagonistas nesta história ou meros reprodutores do que está posto, cabe a cada um refletir se vale a pena, interessa ou é necessário manter ou alterar o estado das coisas.

Quanto ao professor venho expressar aqui meu repúdio a quaisquer julgamentos morais sobre o ato do suicídio, os motivos e as implicações para a família neste momento. Apenas considero que se deve ter respeito por uma vida humana que se vai, para aonde a Ciência, a Filosofia ou a religião são incapazes de responder com certeza.

Um homem que estudava a imensidão do espaço do alto de sua pequenez humana, que não tive o prazer de conhecer, mas pelos registros seus e das pessoas que conviveram com ele merece o meu respeito e consideração por ser além de um grande professor um grande homem da Ciência.

Link do Blog pessoal do professor: Atlas

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O método

Um vídeo do grande Gabriel o pensador, para aqueles que acreditam que as avaliações "meritocráticas" a que somos submetidos avaliam alguma coisa.

sábado, 9 de outubro de 2010

USP se rende à modernização




Olá,

Venho expor aqui o debate que vem sendo colocado na Universidade de São Paulo, referente a modernização e reestruturação dos seus cursos. Dentre elas esta a construção de um currículo mais contextualizado e interdisciplinar. As discussões são acaloradas, visto se tratar de um instituição tradicional, referência no ensino e pesquisa de qualidade em nível internacional.

Link com entrevista do reitor publicada no Ùltimo Segundo do IG: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/ninguem+quer+que+a+usp+se+abra+rapido+e+perca+a+excelencia/n1237781239530.html

Link com o documento do Conselho de Graduação, sobre as novas diretrizes para os cursos da USP: http://i0.ig.com/educacao/usp/diretrizes_cursos_novos.pdf

Também existe o documento no qual estão as decisões das diversas unidades quanto a proposta, mas não encontrei o mesmo. Se alguém conseguir encontrar favor postar.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As inovações tecnocratas... uma boa ideia de currículo rsrs

Achei esse vídeo engraçado, mas dá pra se levantar questões a respeito, até com relação à interdisciplinaridade.