BBC Brasil
Atualizado em 10 de junho, 2010 - 19:16 (Brasília) 22:16 GMTPolítica de
'sim, senhor' com os EUA é passado, diz assessor de Lula
Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco
Aurélio Garcia, disse nesta quinta-feira em Buenos Aires que a política
do “sim, senhor” do Brasil com os Estados Unidos faz parte do “passado”
e criticou o governo americano por ter defendido sanções contra o Irã no
Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“Acho que se criou no Brasil a expectativa de que a única relação (com
os Estados Unidos) é a do ‘sim, senhor’, mas não é assim. Na política
externa há confronto de interesses que são diferentes. A diplomacia
existe justamente para organizar isso”, disse Garcia, que participou
nesta quinta-feira de um seminário sobre globalização na capital
argentina.
O assessor da Presidência, no entanto, afirmou que o Brasil não está
“bravo” com os Estados Unidos após a aprovação das sanções contra o Irã
e disse que as relações entre os dois países “nunca estiveram tão boas”.
“Tivemos uma divergência. O problema é que, no passado, era a política
do ‘sim’, do ‘sim, senhor’. A gente achava que tudo tinha que ser
resolvido em acordo com os Estados Unidos. Quando não havia acordo,
ficávamos preocupados”, disse.
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exportações brasileiras
“Nós temos uma agenda de cooperação muito grande. Nós vamos continuar
dialogando e, sempre que tivermos diferenças, vamos dizer”, afirmou.
Na última quarta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas
aprovou uma nova rodada de sanções contra o Irã devido a seu programa
nuclear.
A medida contou com o apoio dos Estados Unidos e dos outros membros
permanentes do Conselho. Brasil e Turquia, membros rotativos do órgão,
se colocaram contra a retaliação por avaliarem que ela impede uma
solução diplomática para a questão.
‘Perdedor moral’
Comentando a aprovação do novo pacote de sanções, Garcia afirmou
acreditar que as medidas de retaliação não terão sucesso em frear o
programa nuclear iraniano, que parte da comunidade internacional
acredita ter o objetivo de construir armas atômicas, o que é negado por
Teerã.
“Se o objetivo disso (das sanções) era frear o programa iraniano, para
fins pacíficos, ou para qualquer fim, vai dar exatamente o contrário”,
disse Garcia, que ainda afirmou que os EUA saíram como “perdedores
morais” da polêmica.
"Não é que o Brasil saiu ganhador moral dessa briga, mas eles saíram os
perdedores morais", disse.
Em entrevista a repórteres brasileiros, Garcia também afirmou que
esperava que o governo do presidente Barack Obama trouxesse mudanças à
política externa americana, mas que isto “não está ocorrendo”.
“Nós tínhamos expectativa de que haveria uma inflexão do governo Obama e
estamos vendo que esta inflexão não está ocorrendo, pelo menos na
velocidade e na consistência que esperávamos”, afirmou.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100610_ira_garcia_mc_cq.shtml
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domingo, 13 de junho de 2010
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