O Artigo do Prof. Dr. Luiz Alberto Peluso, aborda o papel do BC&H numa sociedade caracterizada pela mudança. A caracterização inicial sobre o ambiente a que está exposto o estudante é intrigante. A sociedade do século XXI, uma sociedade cujas características não sabemos claramente quais são, com diversidade de oportunidades ainda indefinidas, na qual o indivíduo deve viver e se inserir de forma produtiva. Como nos preparar para esta sociedade?
A UFABC, na vanguarda educacional, entende que devem existir e se tentar outros caminhos, além dos trilhados pelas universidades brasileiras para enfrentar o problema da educação. Neste sentido, o BC&T e o BC&H foram criados.
O professor entende, que embora não seja possível prever o futuro é possível definir “tendências gerais” que nos permitem pensar sobre as propensões do que está por vir. Ele nos apresenta, quais são elas:
- Sociedade em processo de mudanças rápidas;
- Identidade: eu sou eu e aquilo no que me transformo;
- Conhecimento/mudança não passível de interpretação pela lógica cartesiana;
- Sociedade constituída por relações de conhecimento;
- Impossibilidade de desfrutar dos bens desta sociedade, sem dispor de conhecimento.
Algumas palavras merecem destaque quanto às tendências prevalecentes na sociedade do século XXI: sociedade, mudança, transição, transformação, cognição, conjectura, hipótese e explicações satisfatórias.
Qual seria então o objetivo do BC&H? Preparar indivíduos para viverem numa sociedade do conhecimento, mas sem verdades. A reflexão surge como estratégia para o tipo de vivência que a Sociedade do Século XXI requer, ao contrário do modelo pedagógico desgastado voltado para a intervenção mecânica.
O projeto do BC&H se fundamenta na pedagogia da reflexão. E com base nela, os alunos serão capazes de se inserirem nas estruturas inconstantes da sociedade que irá emergir. A matriz curricular na educação para a reflexão deve expressar os seguintes princípios:
I – Autonomia intelectual do aluno (educando cria sua trajetória educacional);
II – Interdisciplinaridade na investigação (disciplinas não devem ser barreiras ao se investigar os diferentes temas);
III – Enfoque crítico dos resultados (soluções são incompletas ao propor novos problemas que elas mesmas não conseguem resolver).
O currículo do BC&H além envolver disciplinas de várias áreas, contempla atividades complementares, um projeto dirigido, a pesquisa desenvolvida sob o regime tutorial e a mobilidade acadêmica.
O BC&H é apresentado como um curso que possui terminalidade real, ao se concluir num período de três anos um ciclo completo de formação.
É esperado que o egresso se destaque, pela sua orientação multidisciplinar, competência em auto-gestão e caráter crítico. Estará habilitado para atuar em equipes e redes em organizações cujos esforços sejam dirigidos para a consecução de metas econômicas, políticas ou sociais. Devido a sua formação pode continuar os estudos em estágios mais avançados.
Espera-se que o Bacharel em Ciências e Humanidades esteja preparado para o mercado de trabalho, como também para produzir e usar o conhecimento para fazer o ser humano viver melhor.
Após esta interessante descrição sobre a função social do graduado no BC&H, o professor finaliza citando o BC&H como uma resposta audaciosa de prover para o ensino superior, um curso que busca a educação para a solidariedade, reciprocidade e sustentabilidade ambiental como idéias da sociedade do conhecimento no século XXI.
O artigo apresenta uma visão otimista, quanto ao BC&H como resposta a educação para a sociedade do conhecimento que está se constituindo. Também, apresenta um panorama preocupante ao descrever um mundo inconstante, em transição, onde as identidades se configuram continuamente, se têm a consciência que as soluções são incompletas, as verdades são transitórias e relativas, onde os indivíduos devem ser autônomos e devem atuar de forma interdisciplinar enfocando os resultados de forma crítica. Está posta uma complexa tarefa. De que forma a interdisciplinaridade pode nos ajudar no preparo para viver nesta sociedade?